Missa Tridentina - parte 02 Acessórios Litúrgicos


Na Missa Tridentina ou Tradicional. O altar está sempre no fundo da chamada “capela-mor” Santuário. Durante a missa coloca-se na parte de trás do altar, junto ao crucifixo e aos castiçais, três ”sacras”, onde estão escritos várias fórmulas que o sacerdote diz em voz baixa, nos momentos próprios. 

As igrejas são construídas em forma de Cruz, para lembrar que somos o corpo de Cristo e ficamos na Nave, tal qual o barco de Pedro, enquanto Cristo, que é a cabeça, fica no Santuário, igual a Cruz, onde Ele se oferece a si mesmo. 

Sacras, Altar e Arranjos

As sacras são Três quadros. Na do centro, que é a mais importante e também a maior, são as orações do ofertório, as palavra da consagração do pão e do vinho, e as orações depois da comunhão; na da direita do altar as orações do Lavabo; e na da esquerda do altar o Prólogo do Evangelho de São João, também chamado, o último Evangelho.

No fim da missa, as sacras são retiradas, bem como o missal e tudo o mais que servira para a celebração, e só se volta a pôr no altar quando se celebra uma nova missa. 

ALTAR-MOR

Inicialmente a Igreja construía altares de madeira, em memória da mesa do cenáculo e do instrumento de nossa redenção (a cruz).

O Altar é revestido de três toalhas, sempre de linho ou cânhamo, para representar o sudário e os outros mantos cuja piedade dos discípulos envolvera no corpo do Salvador antes de colocá-lo no sepulcro. A guarnição em torno do altar é como uma diadema real sobre a augusta fronte que os judeus coroaram de espinhos. 

O Missal é preparado e se encontra fechado, o selo virado para o meio, em direção onde ficará o cálice (Cordeiro de Deus) -o único com poder para romper o selo. O altar, seja ele de pedra ou de madeira, é sempre «coberto pelo menos com uma toalha de cor branca». A toalha é, pois, a primeira coisa que se coloca sobre o altar.

Durante muito tempo, só se colocava sobre o altar as sacras e os vasos sagrados. Ele não recebia nenhum outro ornamento além das flores, símbolo do Paraíso e da Virgem Imaculada. 

A ornamentação com flores deve ser sempre sóbria e, em vez de as pôr sobre a mesa do altar, disponham-se junto dele. Sobre o altar ou perto dele, dispõem-se, em qualquer celebração, pelo menos dois castiçais com velas acesas. Cada vela se compõe de: cera, pavio e fogo, simbolizando as três Pessoas da Santíssima Trindade. A cera simboliza o Pai; o pavio, o Filho e o fogo, o Espírito Santo. A vela sozinha acesa simboliza Cristo Nosso Senhor, porque a cera significa a sua Carne e o fogo, a Divindade.

Além das velas do altar, há no santuário uma lâmpada vermelha, que se consome perpetuamente diante do Deus da Eucaristia. No antigo código de Direito Canônico, prescrevia-se que a matéria que alimenta a luz do sacrário deveria ser azeite puro de oliva ou cera de abelha. Salientava-se assim o caráter sacrificial da lâmpada que se consome enquanto ilumina, está luz é o Nosso Senhor em sua paixão. A luz acesa significa que dentro do Sacrário existem hóstias consagradas. 

OS CASTIÇAIS DO ALTAR

O castiçal é um objeto no qual se encaixa uma vela, podendo ser colocado sobre o altar ou junto dele ou conduzido nas procissões por um acólito ou coroinha denominado ceroferário.

Dissemos que os altares não recebiam inicialmente nenhum ornamento, apenas guirlandas e coroas de flores. Após a instrução que permitiu os castiçais sobre o altar, a Igreja limitou seu número entre seis e sete, se for o Bispo Diocesano a presidir a Missa, são colocados sete, dispostos de tal modo que, dominados pela cruz, eles decrescessem formando uma espécie de triângulo.

As velas devem ser preferencialmente de cera, mas se forem de parafina que sejam brancas ou amarelas, nunca seguindo a cor litúrgica.

Quanto a seu significado, ele nos é dado por S. João no Apocalipse: Vi, diz ele, sete castiçais de ouro, e estes sete castiçais são as sete igrejas.  

Inocêncio III diz expressamente que os dois castiçais prescritos para a celebração da Missa baixa significam os dois povos, os judeus e os pagãos. Sua luz é a fé que os ilumina. Entre os dois castiçais brilha a cruz no meio do altar. Ela é o troféu daquele que, mediador entre os dois povos, recebeu as homenagens dos pastores da Judéia e dos magos do Oriente.

As bases dos castiçais do altar são ordinariamente formadas de patas ou garras de animais. Evidentemente, e este pensamento não escapou aos liturgistas, há aí uma alusão aos animais que Ezequiel viu e que era a profecia figurada dos Evangelistas. Do que temos dito sobre o sentido da luz e dos castiçais, se compreende facilmente porque de tal memória.

Ciborium

Antigamente, acima dos altares se elevava um dossel (baldaquino) sustentado por colunas, cuja base estava sobre o pavimento. A lacuna que existia entre elas era guardada por cortinas de seda que escondiam inteiramente o padre durante uma parte dos santos mistérios. Os latinos deram a este ornamento o nome de ciborium, tipo de cúpula em uso entre os egípcios. E, com efeito, a parte superior parecia uma cúpula invertida, encimada por uma cruz. 

Antigamente, no meio dos cibórios eram suspensas pombas de ouro ou prata, onde se conservava a Eucaristia para os doentes. Na Abadia de Solesmes ainda hoje se depositam a divina Eucaristia em uma pomba colocada acima do altar.

Por volta do século XII se substituem os cibórios por pequemos domos construídos no meio do altar e sustentados por quatro colunas. Eles recebem o vaso contendo as santas espécies. Esse vaso foi igualmente chamado cibório, porque ele substitui o antigo ciborium, e, também, por ele ser parcidos. Assim como o antigo, ele é feito em círculo, encimado por uma cruz e cercado de um pavilhão de seda ou de veludo.

Quanto ao domo, ele leva o nome de tabernáculo, e sua forma mais comum foi a de uma torre, símbolo da força. A fim de recordar a montanha do Calvário, o altar dos cristãos foi elevado acima do solo e dominado pelo símbolo sagrado de nossa Redenção.

O Cibório, já consagrado, deve ser colocado antes da Missa sobre o altar ao lado do Evangelho, um véu será pré visto posto do lado da Epístola, para cobrir o Cibório, -este deve ser guardado no tabernáculo, em seguida. 


OBJETOS LITÚRGICOS resumo

Altar: representa a mesa da Ceia do Senhor, onde Jesus instituiu a Eucaristia juntamente com seus discípulos e também o local do sacrifício do Cordeiro.


Toalha: Geralmente Branca, comprida, deve cobrir toda a mesa. Deve ser limpa, impecavelmente lavada e passada

Acitara: Véu usado na igreja para cobrir coisas sagradas.

Crucifixo: Sempre deve estar sobre o altar para lembrar que todo o mistério da redenção não deve ser separado da Eucaristia

Velas: A chama da vela significa a luz da Fé de todos os que estão presentes ali

Flores: Para ornamentação. Na época da quaresma e do Advento, exceto no Terceiro Domingo Gaudete, não se usam flores na Igreja.

Missal: Livro grande no qual o Padre segue a Missa. Ali está todo o rito da Missa, exceto as leituras do dia que estão em outro livro chamado Lecionário. 

Evangeliário : Livro litúrgico no qual estão reunidos os evangelhos lidos pelo padre nas missas dominicais

Hóstias: Feitas de trigo puro sem fermento. Para os católicos depois da consagração são o Corpo de Jesus. A hóstia magna para o sacerdote é apenas para que possa ser vista de longe no momento da elevação. As pequenas são para a comunhão dos fiéis. Já estão fracionadas por praticidade e para que não se perca nenhum fragmento. 

Vinho: Deve ser puro de uva, sem acréscimo de álcool (apenas o álcool natural da própria uva). Após a consagração será o sangue de Jesus.

Cálice: Usado por Jesus na última Ceia, o cálice é um dos mais importantes objetos usados. Destina-se a receber o sangue de Jesus, sob a espécie do vinho. Os Cálices e outros Vasos Sagrados destinados a receber o Corpo e o Sangue de Cristo, tenham copa feita de matéria que não absorva líquidos, quebrem nem se alterem facilmente.


Âmbula: Ou cibório. É semelhante ao cálice mas contém uma tampa. Nela colocam-se as hóstias para a distribuição e após a Missa são guardadas no sacrário . Podem ter diversas formas. São geralmente pratas ou douradas, e geralmente de material oxidável e dentro dourada.

Pátena: É um pequeno prato bem raso. Sobre ele se coloca a hóstia usada pelo celebrante.

Pala: Um quadrado de cartolina revestido de tecido branco e serve para cobrir o cálice para não cair impurezas (poeira ou bichinhos) durante a Missa.

Sanguíneo: Uma "tira" ou toalha feita de linho segundo a Conferência Episcopal um pouco mais comprida branca. Serve para enxugar o interior do cálice e da âmbula. E também limpar a borda caso escorra. Nele o sacerdote enxuga os dedos e os lábios.


Corporal: Uma toalha branca quadrada de linho e engomada. Chama-se corporal porque sobre ela se coloca o Corpo do Senhor que estão na âmbula e no cálice. É estendido pelo Sacerdote ou Diácono no centro do altar. Sobre ele ficarão as hóstias que serão consagradas no centro do altar. O Corporal recorda também o Santo Sudário onde foi envolvido Jesus logo que foi descido da cruz. Quando a comunhão é levada a doentes em hospitais ou em suas residências, os ministros cobrem a mesa com o corporal e colocam sobre ela a Teca com as hóstias já consagradas.


Manustérgio: Vem da palavra latina Manus que quer dizer mão. Uma toalha usada para enxugar as mãos dos ministros e sacerdotes durante a Missa.

Galhetas: São duas jarrinhas de vidro que ficam sobre o altar. Numa vai a água e na outra o vinho ainda não consagrado.

A água usada na celebração deve ser pura e natural. Serve para purificar as mãos do sacerdote após o ofertório, e dos ministros antes e depois as distribuição da Eucaristia. No momento da purificação o sacerdote profere baixo essas palavras: ”Lavai-me Senhor das minhas culpas e purificai-me dos meus pecados”

A água também é colocada no vinho (apenas algumas gotas) no momento do ofertório, antes da consagração para simbolizar a união da humanidade com a divindade de Jesus. Também é usada para purificar o cálice e a âmbula.

Sacrário: Palavra latina Sacrarium, significa lugar onde se guardam as coisas sagradas. Chamado também Tabernáculo, o sacrário é o lugar onde se conservam as hóstias já consagradas na Missa. O sacrário deve ser um recipiente seguro, bem fechado (a chave) e ornamentado. Deve ser colocado em lugar de honra nas Igrejas e capelas.

Luz ao lado do sacrário, geralmente vermelha significa que Jesus está ali presente. 

Ostensório: Estojo redondo, dourado ou prateado, artisticamente emoldurado (em forma de resplendor) e enfeitado, com pedestal e suporte. Uma hóstia grande é colocada bem no centro para ser vista pelos fiéis através do vidro redondo e ao mesmo tempo ficar protegida nas procissões ou adoração eucarística. É usado também quando os sacerdotes dão a Bênção Solene com o Santíssimo Sacramento.

Teca: Recipiente redondo em forma de uma hóstia, feito de cor prateada ou dourada e deve ser feito de material digno e sólido segundo a Conferência Episcopal ou Costumes da região para outro material. Nela se guarda o Corpo de Cristo, para visitas aos Enfermos ou Viático.


Turíbulo: recipiente onde se queima o incenso usado nas celebrações litúrgicas, deve ser feito de metal e contém um "rito" próprio para seu uso com certas orações.

Naveta: recipiente onde fica o incenso antes de ser queimado no turíbulo, tradicionalmente tem formato de uma barca.


Liturgia: É o conjunto de cerimônias religiosas que formam o culto público e oficial que a Igreja presta a Deus.

Rito: Significa Regra, forma de proceder durante as celebrações litúrgicas. O Rito mais usado pela Igreja Católica é o Romano, mas em outras existem outros ritos anteriormente explicados.

Curiosidades

Poucos sabem a forma como são lavados os panos usados na Missa (Sanguíneo, Corporal e Manustérgio).

Por conterem partículas da hóstia consagrada e do vinho consagrado elas são colocadas primeiramente de molho sem sabão, apenas com água separadas de outras peças.( e o sabão deve ser neutro). 

A água onde elas ficaram de molho é jogada em uma terra ou vaso que contenha terra, ficam de molho novamente, a água vai novamente para a terra e depois sim lavadas com sabão normalmente.

Da mesma forma toda a água usada na Missa para purificação dos objetos e mãos não é jogada fora de qualquer forma e sim jogadas em vasos com terra ou diretamente na terra. 

A Igreja fez do altar uma figura de Jesus Cristo, que ela chama em sua liturgia de o altar de Deus. O altar propriamente dito, ou seja, a parte sobre o qual repousam as santas espécies, deve ser sempre de pedra, de preferência a pedra d’ara, um mármore sagrado pelo bispo e contém relíquias de mártires às quais alude a oração que o celebrante recita ao subir ao altar: quorum reliquiae hic sunt., a pedra é um dos símbolos de Nosso Senhor. 

As relíquias que ali são depositadas significam a união estreita e inseparável de Jesus Cristo com seus santos mortos, em sua graça e em seu amor.

As sete aspersões feitas em torno do altar ilustram a efusão dos sete dons do Espírito Santo derramados sobre a pessoa adorável de Jesus Cristo. 

Esse simbolismo do altar inicia a alma cristã na inteligência de várias cerimônias, geralmente incompreendidas. Se o padre abençoa o cálice e a hóstia, ele tem a mão esquerda posta sobre o altar; se ele reza em união com Nosso Senhor, ele toca o altar e ali apóia de algum modo sua fraqueza; se ele deseja a paz aos fiéis, ele beija antes o altar.




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